Maputo, 19 de maio de 2025 — As Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) anunciaram recentemente a contratação da consultora internacional Knighthood Global, sediada em Abu Dhabi, para liderar a tão esperada reestruturação financeira da empresa. A decisão, comunicada oficialmente pela companhia aérea, ocorre em meio a um cenário de desafios crônicos para a LAM, que viu uma parceria anterior com outra consultoria fracassar em entregar resultados palpáveis.
A Knighthood Global é comandada por James Hogan, ex-presidente e CEO do Etihad Airways Group, uma das maiores companhias aéreas do Oriente Médio. Segundo a LAM, a consultora traz experiência em reestruturação e gestão de companhias aéreas, com passagens por operações como Air Tanzania, Air Malta e Start-up Global Airlines.
Compromissos e promessas da Knighthood
De acordo com o comunicado oficial, a Knighthood terá a missão de “reestruturar a base financeira da LAM, alinhando-a aos padrões do setor, reduzindo o endividamento e fortalecendo o perfil de investimento”. Além disso, está prevista a modernização da frota com a seleção estratégica de aeronaves, a implementação de sistemas de tecnologia da informação e indicadores-chave de desempenho, bem como o redimensionamento dos recursos humanos visando aumentar a produtividade e a qualidade dos serviços.
Uma abordagem destacada no comunicado será a promoção de sessões de diálogo com colaboradores e gestores da LAM para aprofundar o conhecimento dos processos operacionais e coletar sugestões para a melhoria da companhia.
Recordando a parceria anterior: um saldo pouco convincente
Antes da Knighthood, a LAM já havia firmado uma parceria semelhante com outra consultoria internacional, contratada em 2022 para assessorar a empresa na reestruturação. Essa experiência, no entanto, é lembrada pelo mercado com ceticismo. A parceria anterior não conseguiu entregar avanços significativos no equilíbrio financeiro nem na operação da companhia, que continua a enfrentar problemas estruturais, incluindo alto endividamento e frota defasada.
Especialistas do setor apontam que a falta de resultados efetivos da primeira consultoria pode ter sido reflexo tanto de limitações internas da LAM quanto de uma abordagem que não considerou as especificidades do mercado moçambicano e as dificuldades administrativas da companhia.
Quem é o novo parceiro?
A Knighthood Global, apesar de relativamente pouco conhecida no mercado africano, traz no currículo o comando de James Hogan, executivo que marcou seu nome no setor aéreo com reestruturações importantes no Oriente Médio e Europa. Hogan ganhou destaque ao liderar a Etihad Airways em um período de crescimento e modernização, apesar de também enfrentar críticas por decisões financeiras ousadas.
A experiência em companhias como Air Tanzania e Air Malta sugere que a Knighthood possui conhecimento prático em lidar com desafios típicos de companhias aéreas em mercados emergentes ou de pequena escala — uma característica que pode ser positiva para a LAM, que busca se reposicionar no competitivo setor regional.
Riscos e expectativas
Apesar das promessas, analistas alertam que a simples contratação de uma consultoria internacional não garante sucesso automático. A eficácia da reestruturação dependerá da capacidade da LAM em implementar as recomendações e adaptar sua estrutura operacional e administrativa. Além disso, é necessário acompanhar o envolvimento dos acionistas — CFM, HCB e Emose — para garantir que as mudanças propostas tenham respaldo institucional e financeiro.
O histórico recente da LAM demonstra que mudanças superficiais não são suficientes para virar o jogo. A nova parceria com a Knighthood Global representa, portanto, uma aposta que exige não apenas experiência internacional, mas também um profundo entendimento das particularidades locais e o comprometimento real de todos os envolvidos.
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