Nos últimos dias, a instalação de um sistema dilacerador de pneus na portagem entre Maputo e Matola tem dado muito que falar — e com razão. A medida, implementada pela concessionária da via, pretende travar os condutores que tentam fugir ao pagamento da tarifa. Mas será que perfurar pneus é mesmo a resposta certa?
Segundo a empresa, o sistema entra em ação automaticamente sempre que um veículo tenta contornar as cancelas ou atravessar sem pagar. A alegação: há muitos casos de evasão e os prejuízos financeiros são "significativos". No entanto, não foram divulgados números nem estudos que sustentem essa decisão.
Enquanto uns aplaudem a medida, outros levantam sérias preocupações.
⚠️ Legalidade e segurança em debate
Especialistas em direito e mobilidade urbana não tardaram a reagir. Alguns juristas afirmam que a destruição intencional de bens privados pode ser inconstitucional, ainda que em resposta a uma infração. E os engenheiros alertam: pneus rebentados de forma súbita podem causar acidentes — graves.
A pergunta é simples: o que acontece se um carro com passageiros, em alta velocidade, perde o controlo após os pneus serem perfurados? A medida, segundo esses críticos, coloca em risco vidas humanas. Vale a pena?
💬 Redes sociais divididas
A polémica explodiu nas redes. De um lado, cidadãos indignados com a violência da medida. De outro, utilizadores que defendem a rigidez como forma de punir quem quer “andar de borla”.
Mas há um ponto que muitos concordam: antes de punir, devia-se educar e fiscalizar melhor. Houve alguma campanha de sensibilização? Alguma alternativa apresentada aos condutores? Alguma consulta pública? Não parece.
📣 E as autoridades? Em silêncio.
Até agora, nem a Polícia de Trânsito nem o Ministério dos Transportes disseram uma palavra. O silêncio das instituições públicas só aumenta as dúvidas sobre a legalidade e legitimidade da medida.
Enquanto isso, os automobilistas seguem entre o medo de multas… e o medo de verem os pneus do carro destruídos.
📝 Conclusão
Não se trata apenas de combater a fraude na estrada. Trata-se de como o Estado e seus parceiros devem lidar com os cidadãos: com diálogo, equilíbrio e dentro da lei. Medidas duras, sem transparência nem debate, geram mais desconfiança do que respeito.
Punir à força resolve o problema — ou cria outros, maiores?

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