Comunidade na China denuncia dificuldades no acesso ao próprio dinheiro
Nas últimas semanas, têm-se multiplicado os relatos de moçambicanos na diáspora que enfrentam sérias dificuldades para usar cartões de débito e crédito emitidos em Moçambique. As restrições, impostas pelos bancos comerciais nacionais, estão a afectar particularmente os que residem fora do país, limitando-lhes o acesso a bens e serviços essenciais.
Cartões rejeitados ou limitados
O cenário mais comum é o bloqueio ou a limitação severa de transacções com cartões em plataformas internacionais. Muitos estudantes, profissionais e empresários moçambicanos relatam constrangimentos sérios, como não conseguir pagar renda, comprar alimentos, adquirir medicamentos ou mesmo manter pequenos investimentos no exterior.
“Nós, moçambicanos que estamos na China em particular, estamos a viver momentos extremamente difíceis. Como continuar a pagar renda, alimentação, transportes, produtos? Como continuar a investir em negócios que mais tarde beneficiam também o nosso país, se os nossos próprios bancos nos viram as costas quando mais precisamos?”, desabafa um dos afectados.
“Não pedimos luxo, pedimos dignidade”
A frustração aumenta diante da falta de soluções concretas. Os relatos indicam um sentimento de abandono por parte das instituições financeiras e do próprio Estado:
“Não estamos a pedir luxo. Estamos a pedir dignidade. Estamos a pedir acesso ao nosso próprio dinheiro, fruto do nosso trabalho, para podermos continuar a lutar com a cabeça erguida…”, continua o apelo de outro cidadão residente na China.
Banco de Moçambique responde, mas problemas persistem
Em resposta às crescentes reclamações, o Banco de Moçambique afirmou ter negociado com os bancos comerciais o levantamento das restrições. Contudo, na prática, pouco ou nada mudou.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, justificou que as restrições podem estar relacionadas com o uso indevido dos cartões para fins não autorizados. Ainda assim, a explicação não satisfaz quem se sente penalizado de forma generalizada e sem aviso prévio.
Sem resposta da banca comercial
Para compreender melhor as razões e possíveis soluções para este bloqueio, tentámos contactar a Associação Moçambicana dos Bancos. Até ao momento, não obtivemos qualquer resposta.
Enquanto isso, centenas de moçambicanos continuam impossibilitados de aceder ao seu próprio dinheiro — uma situação que levanta questões sérias sobre a protecção dos direitos financeiros dos cidadãos no exterior e a eficácia da supervisão bancária em Moçambique.
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