O Presidente da República, Daniel Chapo, nomeou oficialmente nesta segunda-feira, 17 de junho, o veterano político José Condungua Pacheco como novo Diretor-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE). A nomeação, anunciada através de um comunicado da Presidência, acontece num momento de grande sensibilidade para a segurança e estabilidade do país — e traz de volta ao centro do poder uma figura tão experiente quanto controversa.
🧭 Quem é José Pacheco?
Natural da província de Sofala, José Pacheco é engenheiro agrónomo de formação, formado pelo Instituto Superior de Ciências Agrárias (ISCA). É um quadro histórico da FRELIMO, com décadas de serviço no aparelho de Estado. Ao longo da sua carreira, desempenhou vários cargos de peso:
- Governador de Cabo Delgado (1998–2005)
- Ministro da Agricultura (2005–2009)
- Ministro do Interior (2009–2015)
- Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (2015–2019)
- Deputado da Assembleia da República (2020–2024)
Sua ascensão a diretor do SISE coloca-o agora no comando de uma das instituições mais estratégicas do país, responsável pela inteligência e segurança nacional — justamente numa altura em que o setor precisa ser resgatado da crise institucional e moral herdada pelo escândalo das dívidas ocultas.
⚠️ O Outro Lado: Uma Carreira com Sombra
▪ Abusos durante o mandato no Interior
Como Ministro do Interior, Pacheco foi criticado por repressão violenta a manifestações pacíficas, destacando-se o massacre de Munhava (Beira), onde a polícia foi acusada de brutalidade contra apoiantes da oposição. Nenhum agente foi responsabilizado, e Pacheco nunca comentou publicamente os abusos.
▪ Silêncio cúmplice nas dívidas ocultas
Embora não tenha sido formalmente acusado, Pacheco fazia parte do governo na altura em que os contratos ilegais foram assinados. Sua ausência de ação ou denúncia levanta suspeitas sobre conivência institucional.
▪ Gestão opaca em Cabo Delgado
Enquanto Governador de Cabo Delgado, surgiram alegações de favorecimento na concessão de terras e exploração de recursos, nunca investigadas judicialmente.
▪ Homem do aparelho duro da FRELIMO
Internamente, é visto como guardião do sistema, atuando em defesa do status quo. Isso levanta dúvidas sobre sua disposição para promover reformas reais no SISE.
🧠 Por que ele agora?
A nomeação de Pacheco parece ser uma jogada estratégica de Daniel Chapo, que aposta na sua experiência e lealdade para restaurar a credibilidade dos serviços de inteligência. Mas também levanta alertas sobre se isso representará uma renovação ou reciclagem do mesmo sistema.
🔍 O que esperar?
A sociedade civil e observadores internacionais observam atentamente os passos de Pacheco. Ele carrega autoridade, mas também um passado que exige respostas.
Conseguirá romper com os vícios do sistema que ajudou a construir? Estará disposto a reformar o SISE ou apenas reforçará os muros da impunidade?
Por agora, Moçambique entrega novamente os serviços secretos a uma das suas figuras mais enigmáticas e resilientes.
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