Um dos meus melhores moçambicanos chama-se Gabito — o famoso tio Gabito. Quando os donos do país queriam me “M...” (vocês entendem), fui ter com ele. Sem cerimónias, ele olhou para mim e perguntou:
— Quanto queres?
E eu, na minha honestidade habitual, respondi:
— Só peço o meu salário… mesmo sem trabalhar. 😆🤣😂😹
Não porque fosse preguiçoso, mas porque naquela altura a prioridade era manter a minha família. E ele, esse verdadeiro anjo Gabriel, simplesmente disse:
— Tudo bem.
Se eu tivesse pedido tako, ele teria dado. Porque o cota é mesmo boa pessoa. Mas também… eu não sou marandzo. Só como tako que djobo.
Tenho muitas fotos com gente importante, mas esta, com o meu tio Gabito, é das que mais amo. Porque ele esteve lá quando precisei. E isso vale mais do que qualquer cargo ou título.
Depois disso, fugi. Saí do país para me esconder. Não por covardia, mas por necessidade. Mais tarde, recebi uma chamada: ameaça à família. Respirei fundo… e voltei para Moçambique. 😆🤣😂
E adivinhem? Lá estava o tio Gabito. E o meu emprego também. Prontos para me receber. Prontos para me ajudar.
Portanto, se é para falar da TV Sucesso… tá aí, já falei.
Mas não sou só eu que tenho histórias com essa casa. Recentemente, também Clemente Carlos — um dos nomes mais respeitados do jornalismo moçambicano — anunciou sua saída da TV Sucesso. E fê-lo com elegância e palavras que merecem ser ouvidas.
"Foram anos de trabalho, entrega e dedicação. Saio com o sentimento de missão cumprida, grato a todos os colegas e à audiência que sempre me acompanhou. Não levo mágoas, levo aprendizados. E como sempre digo: cada saída é também uma chegada disfarçada." — Clemente Carlos
Essas palavras dizem muito sobre o que foi (e talvez ainda é) a TV Sucesso para muitos de nós. Um lugar onde histórias se cruzam, onde há desafios, sim, mas também onde, às vezes, encontramos abrigo, como eu encontrei no tio Gabito.
A vida tem destas ironias: saímos, voltamos, somos empurrados, resistimos — mas acima de tudo, caminhamos.

0 Comments