Promessa de governo enxuto dá lugar a expansão do aparelho do Estado
Quando tomou posse como Presidente de Moçambique, Daniel Chapo prometeu um governo mais enxuto, com menos ministérios e maior eficiência na gestão pública. A promessa foi bem recebida num país com sérios desafios económicos e sociais. No entanto, poucos meses depois, a prática revelou-se oposta: o novo executivo conta com 21 ministérios, em contraste com os 17 do governo de Filipe Nyusi.
Além disso, o número de secretários de Estado nas províncias também aumentou, com a introdução de cargos adjuntos em várias regiões, criando uma estrutura ainda mais pesada e de custo elevado para o Estado moçambicano.
Quantos ministérios tem o governo de Daniel Chapo?
O actual governo liderado por Daniel Chapo é composto por 21 ministérios, representando um aumento de quatro pastas em relação ao governo anterior, chefiado por Filipe Nyusi. Essa expansão levanta dúvidas sobre as prioridades governamentais, especialmente considerando a promessa pública de reduzir o tamanho da máquina governativa.
Crescimento do número de secretários de Estado
Um outro aspecto controverso é o alargamento da presença do Estado nas províncias, com a criação de novos cargos de secretários de Estado adjuntos, cujo papel ainda não está claramente definido. Esta medida, longe de reduzir a burocracia, contribui para o aumento das despesas públicas, num contexto de contenção orçamental e dependência de financiamento externo.
Impacto orçamental e críticas à coerência política
Com mais ministérios e mais secretários de Estado, há também mais gabinetes, viaturas protocolares, salários e despesas logísticas. Num país que enfrenta altos níveis de pobreza, desemprego e défice nos serviços públicos, esta expansão parece contradizer não apenas o discurso de campanha, mas também o senso comum em termos de boa governação.
Analistas políticos e membros da sociedade civil criticam o que consideram uma traição à narrativa reformista que marcou o início do mandato de Chapo. Para muitos, o aumento da estrutura governamental pode estar ligado a interesses políticos internos, nomeadamente a necessidade de acomodar diferentes grupos dentro do partido Frelimo.
O que esperar do governo de Chapo?
Apesar do crescimento do executivo, ainda não há indícios claros de que essa nova estrutura vá resultar em melhor prestação de serviços ou em maior eficácia governativa. Pelo contrário, há receios de que o país esteja a caminhar para um modelo de Estado centralizado, pesado e dispendioso, com pouca margem para reformas reais.
Os moçambicanos esperam, agora, que as promessas de eficiência e transparência não fiquem apenas no papel. O tempo será o maior juiz da coerência entre palavras e acções do novo Presidente.
0 Comentários