Já se passaram aproximadamente seis meses desde o fim do Moçambola 2024, e o cenário do futebol nacional continua envolto em silêncio e incertezas. A última edição, vencida pela Associação Black Bulls, terminou com festa, mas desde então, os bastidores do desporto rei em Moçambique são marcados por impasses administrativos, falta de comunicação e prejuízos crescentes.
A nova época do Moçambola 2025 ainda não tem data oficial para começar, e o atraso prolongado está a colocar os clubes numa situação financeira delicada. Sem jogos e sem calendário definido, as equipas continuam a pagar salários a jogadores, treinadores e demais profissionais — sem qualquer atividade desportiva em curso.
Clubes pagam salários enquanto a bola não rola
Com os campeonatos parados, as receitas habituais dos clubes — como bilheteira, patrocínios e direitos de transmissão — simplesmente desapareceram. No entanto, as despesas continuam a acumular-se, com salários mensais a serem pagos a plantéis inteiros sem que haja qualquer retorno.
“Esta situação está a asfixiar os clubes. Estamos a pagar atletas que nem sequer têm previsão de quando vão entrar em campo novamente,” afirmou, sob anonimato, um dirigente desportivo da região centro.
A expressão mais ouvida nos bastidores é “asfixia financeira”. Sem uma estrutura profissional de suporte, a maioria dos clubes está a operar no limite da sua capacidade económica.
Falta de liderança agrava o cenário
O mais preocupante neste impasse é a ausência de comunicação clara por parte da Liga Moçambicana de Futebol (LMF) e da Federação Moçambicana de Futebol (FMF). Nenhuma justificação oficial foi apresentada sobre os motivos do atraso, e nenhum plano concreto foi partilhado com os clubes, atletas ou adeptos.
A falta de transparência mina a confiança de todos os envolvidos e levanta sérias dúvidas sobre a capacidade das entidades responsáveis em gerir o principal campeonato do país.
Impacto económico e social do impasse no Moçambola
O futebol não é apenas entretenimento. Em Moçambique, ele representa emprego direto e indireto, desenvolvimento juvenil, promoção da paz social e orgulho nacional. A paralisação prolongada do campeonato afeta não só os clubes e jogadores, mas também comunidades inteiras que vivem do desporto.
Se o Moçambola não arranca em breve, os danos económicos e sociais podem ser irreversíveis. Clubes poderão encerrar atividades, jogadores perder oportunidades e jovens talentos ficarão sem plataformas para se desenvolverem.
Conclusão: o futuro do futebol moçambicano está em jogo
O Moçambola 2025 representa mais do que uma temporada desportiva. Trata-se da continuidade de um projeto nacional que, mesmo com todas as suas falhas, ainda é uma das principais expressões do talento e paixão moçambicanos.
É urgente que a LMF e a FMF se pronunciem com clareza. Os clubes precisam de previsibilidade. Os atletas merecem respeito. E o público exige respostas.
Se o futebol moçambicano quer crescer, precisa primeiro de funcionar. O silêncio e a desorganização apenas aprofundam a crise e afastam investidores, torcedores e credibilidade internacional.
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