Denúncia liga Venâncio Mondlane aos Naparamas e gera polêmica em Nampula
Um episódio controverso envolvendo o político moçambicano Venâncio Mondlane reacendeu o debate sobre violência política em Moçambique. Um indivíduo que se identifica como líder dos Naparamas, um grupo paramilitar conhecido por ações armadas no passado, acusou publicamente Mondlane de estar a recrutar jovens para a milícia com promessas de emprego.
A denúncia surgiu por meio de um vídeo que rapidamente viralizou nas redes sociais e gerou uma onda de reações em Nampula e além. Segundo o denunciante, o objetivo seria criar instabilidade política na província e espalhar o medo em pleno ano eleitoral.
Equipa de Venâncio Mondlane nega envolvimento com milícias
A equipa de Venâncio Mondlane, atual líder do recém-formado movimento político Anamalala, reagiu com firmeza. Em nota oficial, os seus assessores classificaram as alegações como “infundadas e politicamente motivadas”. Afirmam que Mondlane não tem qualquer ligação com grupos armados e que permanece comprometido com vias pacíficas e democráticas para promover mudanças em Moçambique.
A acusação surge num momento estratégico, com as eleições gerais de 2025 cada vez mais próximas. Mondlane tem ganho destaque nacional como alternativa política, especialmente entre jovens e nas províncias do norte, como Nampula, onde o descontentamento social é alto.
Quem são os Naparamas?
Os Naparamas foram uma milícia popular criada nos anos 1990 como forma de autodefesa em regiões rurais durante e após o conflito entre a FRELIMO e a RENAMO. Embora vistos por alguns como heróis locais, os Naparamas também têm um histórico controverso, com relatos de abusos de poder, execuções sumárias e intimidações.
Apesar de terem desaparecido da cena pública durante anos, há indícios de que o grupo continua ativo de forma clandestina e pode ser reativado em momentos de crise.
Será esta uma manobra política?
Especialistas em política moçambicana veem a acusação como parte de uma possível estratégia para desacreditar Mondlane e gerar medo no eleitorado. A ausência de provas concretas levanta suspeitas sobre a credibilidade do denunciante e a motivação por trás do vídeo.
“Estamos perante uma possível tática de guerra psicológica”, afirma a socióloga Rosa Muatxi. “Sem investigação oficial, este tipo de denúncia pode influenciar negativamente o processo democrático, especialmente se for amplificado sem verificação.”
O papel das autoridades e da sociedade civil
Até o momento, as autoridades moçambicanas não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. Organizações da sociedade civil pedem uma investigação imparcial para garantir que o processo eleitoral decorra com justiça e transparência.
ONGs como Cidadania e Justiça alertam para o risco de que jovens vulneráveis sejam usados como peões em jogos políticos perigosos. “É essencial proteger a juventude e assegurar um ambiente político baseado na verdade e no respeito pelos direitos humanos”, afirma a organização em comunicado.
Conclusão: Acusação grave ou distração estratégica?
O caso de Venâncio Mondlane e os alegados vínculos com os Naparamas ilustra os desafios que Moçambique enfrenta na construção de uma democracia sólida e livre de manipulações. À medida que as eleições de 2025 se aproximam, episódios como este podem ser decisivos para o rumo do debate público.
Resta saber se esta denúncia será investigada com seriedade ou se cairá no esquecimento como mais uma manobra política em tempos de campanha.
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