Na sequência do recente relatório da Human Rights Watch (HRW), que denunciou o rapto de pelo menos 120 crianças por insurgentes em Cabo Delgado, o Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, procurou afastar o foco dos números e centrar o debate na necessidade de proteger os menores afectados pelo conflito.
Chume afirmou que não pretende comentar os números divulgados por agências nacionais e internacionais, defendendo que tais dados nem sempre reflectem a realidade no terreno. O governante sublinhou que, independentemente das estatísticas, o essencial é garantir a protecção das crianças em situação de vulnerabilidade.
“Uma única criança morta já deve ser motivo de preocupação para todos os moçambicanos,” disse Chume, reconhecendo, no entanto, a existência de casos de sequestro de menores na província assolada pela violência armada.
O silêncio que inquieta
Embora o ministro tenha procurado colocar a ênfase na protecção das vítimas, o seu discurso levanta questões sobre a falta de clareza e transparência na resposta oficial ao drama humanitário em Cabo Delgado. Para muitos analistas e organizações da sociedade civil, os números são fundamentais para medir a gravidade da crise e planear intervenções eficazes.
Ao relativizar os dados divulgados, o governo arrisca-se a ser acusado de minimizar uma realidade dramática, num momento em que o mundo volta os olhos para o sofrimento da população do norte do país.
Enquanto isso, as famílias das crianças desaparecidas continuam sem respostas claras, e o clamor por uma estratégia mais eficaz e comunicativa na defesa dos direitos humanos em Cabo Delgado cresce a cada dia.
0 Comentários