Mauro Mucambe Júnior, cidadão moçambicano de 40 anos, apontado como líder de um perigoso sindicato transnacional de sequestros, foi morto durante uma operação dramática da Equipa Anti-Raptos da Polícia Sul-Africana. O confronto ocorreu no interior de um condomínio em Fourways, Joanesburgo, durante uma acção cirúrgica que visava desmantelar parte da rede envolvida no rapto de um empresário paquistanês sequestrado em Pretória Oeste no início da semana.
Uma operação com inteligência e firmeza
A operação começou com a análise minuciosa de dados de inteligência recolhidos a partir de chamadas telefónicas e movimentações suspeitas. A polícia seguiu pistas até um condomínio de luxo em Carlswald, Midrand, onde prendeu dois suspeitos, recuperou dois veículos de alto valor — um Mercedes-Benz e um Pajero prateado — e iniciou o rastreamento de novos alvos. O cerco foi montado em Fourways, e ao ser confrontado, Mucambe disparou contra os agentes, iniciando um tiroteio que terminou com a sua morte.
No local foram apreendidos uma arma de fogo não licenciada com dez munições, quatro telemóveis, quatro cartões bancários e documentos falsificados, que segundo a polícia são peças-chave para decifrar a teia de operações do grupo. Os agentes também isolaram o perímetro e entrevistaram moradores e funcionários do condomínio, reforçando o uso de métodos profissionais e integrados na operação.
O silêncio cúmplice em Moçambique
A eficácia sul-africana destaca ainda mais o vazio de ação em Moçambique. Apesar de Mucambe ser procurado desde agosto de 2024 por raptos de alto impacto em Maputo e Matola, o suposto barão movimentava-se livremente até ser neutralizado na África do Sul. O contraste é gritante: enquanto Joanesburgo vê operações bem coordenadas, Maputo parece um terreno onde os criminosos actuam com proteção ou indiferença do próprio Estado.
Desde janeiro, a unidade sul-africana já prendeu mais de 170 suspeitos ligados a raptos, resgatou 100 vítimas, recuperou mais de 1,2 milhões de rands e apreendeu 40 veículos usados nos crimes. E Moçambique? As quadrilhas prosperam, as vítimas somem, e o governo assiste, ou será que participa? Esta é a dúvida que cresce entre os cidadãos.
Quando o Estado falha, o crime avança
O episódio lança mais um alerta: até quando Moçambique permitirá que os raptos continuem a ser um negócio rentável protegido por muros de silêncio e impunidade? O povo clama por um Estado que o defenda, não por um Estado que, por acção ou omissão, alimente as quadrilhas.
As autoridades sul-africanas pedem colaboração pública para capturar os suspeitos em fuga e localizar o empresário ainda cativo. Em Moçambique, a sociedade continua à espera de um governo que, ao menos, tente proteger os seus cidadãos.

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