Mais um rapto à luz do dia reforça o clima de insegurança que paira sobre a cidade de Maputo. Na manhã deste sábado, por volta das 8h30 , um cidadão de nacionalidade libanesa , proprietário da Farmácia Avicena , foi sequestrado em plena via pública. O crime ocorreu quando o empresário se dirigiu ao seu estabelecimento, sendo abordado por quatro indivíduos armados , que o forçaram a entrar numa viatura e desapareceram rapidamente do local.
Testemunhas relatam que o sequestro foi executado de forma fria e calculada, deixando os presentes em estado de choque e sem reação. As autoridades foram notificadas pouco depois, mas até o momento não divulgaram informações relevantes sobre as diligências em andamento ou possíveis pistas que possam levar à localização da vítima.
Quadrilhas atuais com confiança; o Estado assiste
Este novo episódio volta a expor a fragilidade do combate ao crime organizado em Moçambique. Os raptos continuam a ocorrer de forma quase rotineira, e os criminosos demonstram um grau de confiança preocupante, acionados em vias movimentadas e em plena luz do dia, sem recebimento de serem interceptados.
Enquanto isso, o Estado parece impotente, e a Polícia da República de Moçambique limita-se, muitas vezes, a abrir investigações cujos resultados raramente são conhecidos ou traduzidos em prisões dos verdadeiros mandantes.
O contraste com a África do Sul
O cenário contrasta fortemente com o que se observa no país vizinho. Na África do Sul , as operações da Equipa Anti-Raptos apresentam resultados concretos. Em apenas alguns meses, mais de 170 suspeitos foram detidos, itens de vítimas resgatadas e barões do rapto — incluindo o moçambicano Mauro Mucambe Júnior — neutralizados em ações rápidas e bem coordenadas.
Essas operações, investigação de inteligência em polícia efectiva, mostram que é possível enfrentar o crime organizado com seriedade e resultados, mesmo em contextos complexos como o da região austral.
Até quando o silêncio e a impunidade?
Em Moçambique, no entanto, a narrativa repete-se: as vítimas desaparecem, as famílias vivem o drama do silêncio e da esperança, enquanto os crimes continuam a actuar, muitas vezes sob a percepção de que contam com a protecção ou a indiferença de sectores do próprio Estado.
Este caso recente é mais um alerta para a necessidade urgente de uma resposta firme, coordenada e livre de influências políticas. A sociedade clama por um governo que, de facto, combata o crime e garanta a segurança dos cidadãos, antes que o medo se torne a norma e a confiança nas instituições se desapareça por completo.
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