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Entre Camiões de Reboque e Salários em Atraso: As Prioridades de um Estado em Crise

Entre Camiões de Reboque e Salários em Atraso: As Prioridades de um Estado em Crise

 Nos últimos dias, o Governo moçambicano deu mais uma prova de que as suas prioridades raramente coincidem com as necessidades reais da população. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) — aquela força da polícia sempre presente quando há manifestações — recebeu novos camiões do tipo reboque. Sim, reboques. Aqueles camiões usados para arrastar carros, remover barricadas e abrir caminho para a tropa de choque.

Enquanto isso, professores, médicos, agentes do Estado e outros funcionários públicos seguem à espera dos seus salários. Mês sim, mês não, o Governo aparece nos noticiários a dizer que não há dinheiro. Mas para comprar camiões para conter manifestações... aí há sempre.

O mais preocupante é o tipo de equipamento adquirido. Não estamos a falar de ambulâncias, carros-patrulha ou material hospitalar. Estamos a falar de meios usados, quase exclusivamente, para conter protestos e desmobilizar manifestações. Ou seja, o Estado não está a preparar-se para servir melhor o cidadão. Está a preparar-se para se proteger do cidadão.

Ninguém explicou de onde veio o dinheiro nem quanto custou esta compra. Mas a lógica é fácil de entender: quando o povo protesta, a resposta é repressão. E para reprimir com mais eficiência, é preciso investir em meios — mesmo quando falta dinheiro para o básico.

Este tipo de decisão mostra um Governo desconectado da realidade. Um Governo que diz que não pode pagar salários, mas que investe em reforçar a força bruta. Que não consegue ouvir as vozes da rua, mas está sempre pronto para silenciá-las.

Mais uma vez, a mensagem que se passa é clara: em vez de resolver as causas do descontentamento popular — pobreza, exclusão, corrupção — o Governo prefere preparar-se para sufocar as consequências. E isso tem um custo. Não só financeiro, mas também político e social.

É preciso dizer com todas as letras: a repressão não é solução para a crise. É apenas um disfarce temporário. E quanto mais o Estado insiste nesse caminho, mais se afasta daquilo que deveria ser o seu verdadeiro papel — servir e proteger o povo, não se defender dele.

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