A LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) anunciou com pompa, nesta terça-feira, a chegada de mais uma aeronave para reforçar sua operação. Trata-se de um Boeing 737-500 alugado, que já aterrou no Aeroporto Internacional de Maputo e foi recebido sob aplausos por representantes da companhia, autoridades da aviação civil e membros do governo.
Mas afinal… o que há para celebrar?
Quatro aviões. Todos alugados.
Com esta nova adição, a frota operacional da LAM passa a contar com… quatro aviões. Sim, quatro. E o detalhe que muitos comunicados ignoram: nenhum deles pertence à companhia. Todos são alugados, fruto de acordos de leasing que vêm tentando manter a empresa minimamente funcional.
Para quem já viu a LAM operar com frota própria e uma presença regional respeitável, o número soa modesto — e, para muitos, até constrangedor.
Uma tentativa de recuperação… ou apenas sobrevida?
Segundo a direcção da LAM, este “reforço” faz parte do plano de modernização e reestruturação da companhia, numa tentativa de melhorar a pontualidade, reduzir cancelamentos e aumentar a eficiência dos serviços. E de facto, se funcionar, será um alívio para os passageiros moçambicanos, que há anos enfrentam uma companhia marcada por atrasos, incertezas e frustrações constantes.
Mas há quem veja a chegada de mais um avião alugado não como uma solução, mas como um remendo temporário num problema muito mais profundo.
O elefante na sala: gestão e dependência externa
A LAM é uma empresa pública — ou seja, os seus custos, falhas e decisões têm impacto direto no bolso dos contribuintes. O que se observa hoje é uma empresa totalmente dependente de recursos externos, operando uma frota mínima, e com uma reputação em frangalhos.
Especialistas do setor apontam que os problemas da LAM vão além da escassez de aeronaves. Fala-se em gestão ineficaz, falta de visão estratégica, endividamento e opacidade nas decisões. A opção contínua por alugueres pode parecer mais barata no curto prazo, mas significa também mais dependência e menos autonomia.
Promessas futuras: novas rotas, velhos desafios
Nos próximos meses, a empresa promete introduzir novas rotas e firmar parcerias internacionais. Palavras animadoras, sem dúvida. Mas depois de tantos anos de promessas não cumpridas, é legítimo perguntar: o que mudou realmente?
Será que basta adicionar um avião alugado para reerguer uma companhia aérea nacional?
Ou estamos apenas a assistir a mais um episódio da longa novela da LAM — onde as boas intenções decolam, mas os resultados raramente chegam ao destino?
O passageiro continua a pagar a conta
Enquanto isso, o passageiro moçambicano continua a lidar com preços altos, serviços inconsistentes e uma companhia que, apesar de ser “nossa”, parece cada vez mais gerida por terceiros — nos bastidores e no ar.
O reforço da frota é, sem dúvida, uma boa notícia. Mas está longe de ser suficiente. Se a LAM quiser realmente reconquistar a confiança do país, vai precisar de muito mais do que aviões alugados e discursos de boas-vindas na pista de aterragem.
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