Em visita oficial à Tanzânia, o Presidente da República, Daniel Chapo, parece ter encontrado o novo sonho de desenvolvimento nacional: um comboio eléctrico moderno, daqueles que funcionam, são rápidos, seguros e aliviam o trânsito — basicamente, tudo o que Moçambique ainda não tem.
Ao visitar a Estação Principal da ferrovia de Bitola Standard, em Dar es Salaam, Chapo ficou impressionado com o sistema de transporte eléctrico do país vizinho, descrevendo-o como um exemplo para toda a África Austral. “É uma boa impressão”, disse o Presidente, numa frase que poderia perfeitamente resumir as suas viagens internacionais: muitas boas impressões, poucas implementações.
Acompanhado pela Primeira-Dama, Gueta Selemane Chapo, o Chefe de Estado elogiou a iniciativa tanzaniana, que começou ainda durante o mandato do falecido John Magufuli, e destacou o seu impacto positivo na mobilidade urbana, segurança e dinamização económica. Segundo Chapo, trata-se de um projecto com capacidade para integrar países e promover o desenvolvimento regional.
Tudo certo até aqui. Mas a questão é: e Moçambique?
Instado sobre a possibilidade de adoptar uma solução semelhante, o Presidente garantiu que "já estamos a trabalhar neste projecto" — uma frase que soa familiar aos ouvidos dos moçambicanos, tantas vezes dita em relação a estradas, hospitais, escolas e energia eléctrica que... ainda não chegaram.
Chapo também comparou o comboio eléctrico com o estado das estradas em Moçambique, reconhecendo que não estão ao mesmo nível. Uma observação corajosa, mas que levanta uma questão óbvia: não seria melhor começar por consertar as estradas antes de prometer trens de última geração?
Mais uma vez, vemos um Presidente encantado com o que vê lá fora, enquanto o país cá dentro continua à espera que os grandes projectos deixem de ser apenas discursos de ocasião. A ferrovia tanzaniana é, sem dúvida, um modelo inspirador — mas transformar inspiração em realidade exige muito mais do que palavras e promessas protocolares.
Por agora, fica o entusiasmo. O comboio eléctrico pode não chegar tão cedo, mas o discurso já está a caminho.
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