A Cervejas de Moçambique (CDM) anunciou um crescimento recorde do lucro líquido em 2024, que disparou 196% — passando de 577 milhões de Meticais em 2023 para 1,706 mil milhões de Meticais. Com este desempenho impressionante, a empresa também confirmou o pagamento de dividendos 150% mais elevados a todos os accionistas.
O montante total do capital social da CDM é de 317 milhões de Meticais e está maioritariamente nas mãos da multinacional belgo-brasileira AB InBev, que detém uma participação de 83,01% (cerca de 263 milhões de Meticais), fruto da fusão entre a belga Interbrew e a brasileira Ambev em 2004.
📊 Estrutura accionista da CDM
Além da AB InBev, a CDM conta com outros accionistas nacionais e institucionais que beneficiam directamente do crescimento da empresa, entre os quais:
- SPI – Gestão e Investimentos, S.A.R.L. (holding do partido Frelimo): possui 3,67% do capital social da cervejeira, o que corresponde a cerca de 12 milhões de Meticais. Constituída a 30 de Dezembro de 1992 e publicada no Boletim da República n.º 25, Série III, em Junho de 1993, a SPI investe em áreas como telecomunicações, hotelaria e turismo, energia, imobiliário, mineração, saúde, indústria e outros sectores.
- Instituto Nacional de Segurança Social (INSS): entidade pública que gere a Segurança Social obrigatória em Moçambique e que tem 2,60% (cerca de 8 milhões de Meticais) do capital da CDM. A sua gestão tripartida inclui o Estado, empregadores e sindicatos.
- Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE): representa o Governo da Frelimo e detém 1,37% (cerca de 4 milhões de Meticais) das acções da cervejeira desde a sua criação em 1995.
- Outros accionistas particulares: pessoas singulares que compraram acções da empresa na Bolsa de Valores de Moçambique, totalizando 8,44% do capital (cerca de 27 milhões de Meticais).
- Barca Global Market Plc: accionista minoritário que detém 0,91%, o que corresponde a 3 milhões de Meticais.
💸 Pagamento dos dividendos
Na última semana, a CDM anunciou que vai aumentar em 150% os dividendos por acção, passando a pagar 8,15 Meticais por acção, a distribuir em duas tranches iguais — a primeira em Junho e a segunda em Novembro de 2025. Esta decisão surge depois do crescimento exponencial dos lucros da empresa, impulsionado por:
- Maior volume de exportações para a África do Sul;
- Optimização operacional da empresa;
- Redução significativa dos custos financeiros, que melhorou a margem líquida da companhia.
👥 Conselho de Administração e figuras influentes
Até 31 de Dezembro de 2024, o Conselho de Administração da CDM foi presidido por Tomaz Salomão, economista, político e membro sénior da Frelimo. O órgão integrava os administradores Galo Rivera, Hugo Gomes, Idelson Salomão, Eugénia David e Mara Chiu, além do administrador não-executivo José Pacheco, membro sénior da Frelimo, que foi recentemente nomeado Director-Geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE). Esta composição revela os laços profundos entre a estrutura empresarial da CDM e a elite política moçambicana.
🔮 Perspectivas para o futuro
Num momento em que a empresa atravessa uma fase sólida e lucrativa, a CDM prepara-se para consolidar a sua posição como maior cervejeira de Moçambique e continuar a recompensar os seus accionistas. Com o crescimento regional e a crescente procura por cerveja nos mercados vizinhos, a previsão para os próximos anos permanece optimista.
Além disso, a presença de investidores institucionais como o INSS, o IGEPE e a SPI (holding da Frelimo) reforça o papel estratégico da empresa para a economia moçambicana e para o próprio Estado, que continua a capturar dividendos substanciais desta expansão.
Fonte: Pesquisa própria e dados recolhidos junto a documentos societários da CDM e relatórios financeiros.
0 Comentários